sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Lua Nova


"Lua Nova" é considerado por muitos o filme mais esperado do ano. Principalmente pelas fãs da saga, que leram todos os livros e são completamente fissuradas pela história de amor entre o vampiro Edward e a humana Bella.

É com muito prazer que anuncio que já vi o filme, na pré-estreia, no dia 19, às 23:55! Depois de ficar 5 horas na fila esperando, rodeado de adolescentes (e alguns poucos adultos) histéricas e insuportavelmente talentosas em gritar e estourar tímpanos, consegui entrar na sala de cinema, assegurar um lugar bom para mim e para meus amigos, para conferir o filme com conforto. Mas o conforto logo se transformou em desconforto. Logo na cena de abertura do filme, em que é mostrada uma lua, que lentamente vai revelando o título do filme, quase tive vontade de sair da sala. Gritos de euforia inundaram a sala e me ensurdeceram momentaneamente. Segui confiante de que logo todas as fãs se manteriam caladas o resto da projeção, mas para o meu desgosto isso não ocorreu. A cada vez que um personagem aparecia pela primeira vez na película, vampiros brilhavam, lobos se tranformavam, e homens descamisados surgiam, gritos terríveis feriam meu ouvido. Resumindo, foi uma sessão de gritos de 2 horas e 10 minutos, com intervalos de 3 minutos entre eles. Simplesmente me deixaram louco. Além disso, começar a assistir um filme à meia noite pode dar sono, e foi exatamente o que aconteceu comigo. Ao final do filme, tudo o que eu queria era uma cama confortavel, para dormir e esquecer de vampiros e lobisomens.

Agora vamos ao que realmente interessa: o filme. Sei que não há a necessidade de contar a história, que a maioria já deve conhecer, mas vou resumí-la rapidamente. O filme dá continuidade à história de "Crepúsculo", e agora, Bella, a garota apaixonada pelo vampiro Edward, está em desespero por estar fazendo 18 anos. A cada dia fica mais velha que seu amado vampiro de eternos 17 anos. Em sua festa de aniversário, um acidente com um membro da família vampira Cullen faz com que Edward e sua família resolvam partir, para a segurança de Bella. De coração partido, entra em uma depressão profunda, e acha um ombro amigo (ou mais do que isso) no índiosinho Jacob. Ao mesmo tempo, Bella precisa se proteger da vampira Victoria, que está disposta a matá-la para vingar o assassinato de seu companheiro por Edward. Assim a trama segue, mostrando ainda lobisomens, e vampiros poderosos que vivem na Itália.

Basicamente é isso.

O primeiro filme da saga deixou muito a desejar. Com a direção nas mão da inexperiente e incompetente Catherine Hardwick, o resultado foi um filme fraquíssimo, estilo "Sessão da Tarde". Com a demissão desta, e a substituição pelo diretor Chris Weitz ("A Bússola de Ouro"), comecei a ter mais esperanças de que o segundo filme seria superior. Aos poucos, cenas e trailers foram sendo liberados na internet, e fiquei empolgado, pois parecia que um ótimo filme estava por vir. Doce ilusão.

Devo adimitir, o filme realmente é superior ao primeiro, não há duvidas. Mas não é tão melhor assim. As cenas de ação, o enquadramento da câmera, e os efeitos especias evoluem nítidamente. Mas isso não era exatamente difícil, comparado com o desastroso trabalho no primeiro filme. Lobos criados digitalmente deixam muito a desejar. Enquanto o leão Aslam, de "Cronicas de Narnia", também criado digitalmente, ficou incrivelmente perfeito, com uma beleza subrenatural, aparentando ser um deus, os lobisomens de Lua Nova parecem feitos com tecnologia ultrapassada, com uma pelagem extremamente artificial, que não convence a ninguém.

As atuações, como já era de se esperar, são sofríveis, por parte do trio principal. Kristen Stewart (Bella) congela sua expressão de "estou com dor de barriga" o filme inteiro, e não consegue transmitir nem um terço da emoção necessária para o papel. Robert Pattinson (Edward) consegue estragar toda cena em que aparece, com sua cara de galã de novela da Globo, e sua voz monótona, sem expressão e terrívelmente sonolenta e "anti-sexy". Taylor Lautner (Jacob) consegue ainda uma maoir simpatia do público por possuir carisma e conseguir mudar de expressão de acordo com a cena. A única coisa que realmente me incomoda nele é a sua voz nazal enfadonha. Por outro lado, a coadjuvante Ashley Greene, que interpreta a vampira Alice, melhorou muito a sua atuação, e neste filme, ilumina toda cena em que aparece. Novos nomes no elenco como Michael Sheen (Aro) e Dakota Fanning (Jane) fazem o filme ficar muito melhor. Michael nunca desaponta com suas atuações, fica simplesmente perfeito como Aro. Dakota é atualmente uma das melhores atrizes da sua idade (tem apenas 15 anos!). Jane é sua primeira vilã, e a jovem mostra que, com o mesmo talento de sempre, consegue criar uma perversa e cruel vampira.

O filme é muito fiel à história do livro em que é baseado. É até fiel demais. Li o livro e tive a impressão que o melodrama no filme cresceu em uma proporção absurda. Em toda cena, sem excessão, em que Edward e Bella aparecem juntos, há uma enchurrada de frases como "Eu não consigo viver sem você" ou "Você é a minha vida". É um exagero sem tamanho, o filme se torna mel puro. Para as fãs, todo esse melodrama é o máximo, mas para os menos viciados e os que desconhecem a saga ficarão certamente enjoados de tantas falas repetitivas e "fofas". Doce, doce, doce... Isso realmente pode incomodar a muitos e fazer com que percam o interesse antes do final.
A trilha sonora do filme tem altos e baixos. Há canções interessantes, como "I Belong To You" do Muse, que se destaca visivelmente, e outras de bandas como The Killers e Death Cab for Cutie. Mas também há músicas desastrosas, simplesmente impossíveis de ouvir. "Possibility", da cantora Lykke Li (nunca ouvi falar!) é insuportável, dói nos ouvidos, e a voz estridente da garota deixa qualquer um louco. A música que Thom Yorke fez para o filme era muito esperada, mas o resultado foi decepcionante. "Hearing Damage" é uma das piores faixas do álbum, um Thom Yorke irreconhecível, com uma batida irritante, simplesmente intragável.

Mas nem tudo é ruim em Lua Nova. Cenas como a da perseguição à vampira Victória, dos vampiros do Clã Volturi, e as cenas de abertura e final, são muito bem feitas, e certamente vão satisfazer imensamente todos os fãs. O filme garante um bom divertimento para uma noite de final de semana, mas nada muito profundo.

Posso dizer que Lua Nova é um perfeito exemplar de filme "água com açúcar", e bota açúcar nisso. Aviso: diabéticos, pensem bem antes de ver Lua Nova.
Nota: 2 1/2 Sushis!! (Estava em dúvida entre dois e três)